Era costume, na Judéia, as mulheres, desde pequenas, andarem cingidas com uma correia, como símbolo de pureza.
A SS. Virgem, como toda judia, também usou a correia durante toda sua vida, sendo com a mesma enterrada. Para mostrar aos fiéis quanto lhe é grata a devoção à sagrada correia, a Mãe de Deus tem-se manifestado por diversas maneiras e realizado inúmeros prodígios.
Por ocasião de sua morte, narra a tradição, achavam-se, reunidos junto dela, e receberam as suas últimas palavras e despedidas, todos os apóstolos, exceto São Tomé, que, estando muito longe, chegara três dias depois. Estando sepultada a SS. Virgem, ficou ele tristíssimo e teve grande desejo de vê-la ainda uma vez. Os apóstolos, que ainda velavam o sepulcro, removeram a pedra que o fechava, para atender ao seu pedido. Com espanto geral, viram que o corpo de Nossa Senhora não se achava ali, encontrando-se apenas suas vestes e a correia no meio de rosas que exalavam suave perfume.
O apóstolo Tomé venerou com muito respeito as relíquias, que ficaram guardadas na mesma sepultura. Por devoção, e como lembrança da SS. Virgem, usou, desde aquele dia, uma correia e com ela realizou extraordinário prodígio, narrada pela tradição.
Passados muitos anos, um novo acontecimento veio acentuar a fama da santa correia: Juvenal, patriarca de Jerusalém, encontrou, no sepulcro da SS. Virgem, sua correia, e a Imperatriz Santa Pulquéria a fez transportar para Constantinopla, colocando-a numa igreja de Nossa Senhora, construída para este fim. A piedade da princesa contribuiu para que se aumentasse a devoção à correia de Nossa Senhora entre os fiéis da igreja grega, na qual se estabeleceu a festa de sua Invenção e outra, da sua Trasladação.
Este culto continuou por muito tempo, pois, São Germano, Patriarca de Constantinopla, pelos anos 720, escreveu e pronunciou diversos sermões em honra da correia de Maria, citando vários milagres sucedidos pelo seu uso. Num dos sermões, diz o seguinte: “Não é possível olhar nossa venerável Correia, ó SS. Virgem, sem sentir-se cheio de gozo e penetrado de devoção”.
O Monge Eutimio, que viveu pelos anos de 1098, pregando sobre ela, dizia: Nós veneramos a santa correia, vêmo-la conservar-se inteira depois de novecentos anos: cremos que, de fato, a Rainha do Céu cingiu-se com ela.
Piedosa tradição narra que, estando Santa Mônica muito desolada com a morte de seu marido e com os descaminhos de seu filho Agostinho, eis que lhe aparece a Virgem Maria, vestida de negro e trazendo uma correia. Mandou-lhe que se vestisse desta maneira e entregou-lhe a correia, garantindo-lhe a conversão de seu filho. Ele e seus companheiros deveriam vestir-se assim em memória da paixão de Jesus e usar a correia em homenagem a ela.
Bem mais tarde, surgiram na Ordem Agostiniana as Confrarias de Nossa Senhora da Consolação e Correia e de Santa Mônica e Santo Agostinho, unidas em 1575 numa grande Arquiconfraria. No Brasil, a devoção começou a ser divulgada com a chegada dos Agostinianos em 1899.
O título de Maria como Nossa Senhora da Consolação e Correia lembra ao católico a presença da mãe de Jesus na vida da Igreja, trazendo alegria, paz e esperança a todos os que necessitam de consolo, com carinho especial aos pobres, aflitos, doentes e marginalizados. Ela recorda a missão de seu Filho, que foi sensível à dor e ao sofrimento, e que veio ao mundo para libertar o ser humano de toda espécie de mal, do pecado.
Ao trazer nos braços o Menino Jesus, Maria apresenta a única consolação que salva realmente o mundo: O Príncipe da Paz, o Cristo, filho de Deus e libertador, “Luz do alto, que vem iluminar” a humanidade, oferecendo um novo caminho de solidariedade e de fraternidade.
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